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Inhambane explora lagoas para criar peixe

Data: 11/04/2017
Inhambane explora lagoas para criar peixe

Aproveitamento de lagoas para a criação de peixe com o objectivo de melhorar a dieta alimentar, criar emprego e gerar renda constitui o apelo lançado pelo governador de Inhambane, Agostinho Trinta, durante visitas realizadas, recentemente, a piscicultores dos distritos de Inharrime, Inhassoro e Homoíne.

Por: Adilson Virgílio / GP-I´bane

 

Nesta  deslocação,  Agostinho  Trinta pretendia  acompanhar o desenvolvimento  dos  projectos  de piscultura,  o  processo  de  captura  do peixe  nos  tanques,  bem  como  colher informação sobre o destino do pescado.

O  dirigente  saudou  o  trabalho realizado  pelas  comunidades  nesta área,  tendo apontado a necessidade de apostar na piscicultura, particularmente  através  do  uso  de lagoas  para  melhorar  a  dieta alimentar .

Por  sua  vez,  o  administrador  de Inharrime,  Daly  Kumanda,  explicou, após a  recepção do governador , que neste distrito a piscicultura é feita em duas  lagoas  envolvendo  privados  e associados.

Daly Kumanda  referiu que o distrito de Inharrime cumpriu o Plano Quinquenal   do  Governo  na componente  piscicultura,  pois  a população  empenhou-se  na  criação de  peixe,  contribuíndo  para  o crescimento económico.

“Estamos a fazer o aproveitamento de duas lagoas do distrito, nomeadamente  Dongane  e  Poela, onde a população possui 12  tanques piscícolas  povoados  com  32  mil alevinos,  sendo  que  a  produção esperada para Dezembro é de  cerca de 168  toneladas”,  expl icou  Daly Kumanda.

A  equipa  do  'Jornal  Moçambique' visitou  os  distritos  de  Inharrime, Vilankulo,  Inhassoro  e  a  cidade  de Inhambane  para  testemunhar  o crescimento da actividade piscícola na província.

Em  Inharrime conversámos com Niko Paul  Roelandt,  de  nacionalidade  sul-africana,  que  explora  a  lagoa  de Poelela  e  proprietário  da  firma  Afil-Mozambicus.

A  firma  possui  480  mil  alevinos  e espera produzir , até Dezembro, cerca de 168  toneladas de peixe.

”Estamos aqui em Inharrime, além de criarmos peixe para nós, atendemos as necessidades  de  comunidades circunvizinhas, na venda do peixe e na mão-de-obra”, disse Niko Paul.

João Jossias, de 66 anos, residente em Chamane,  arredores  da  cidade  de Inhambane, é proprietário de 8 tanques piscícolas.  Explicou-nos  que  teve  a iniciativa  de  criar  peixe  quando  foi convidado pela Direcção Provincial das Pescas  a  participar  numa  formação sobre a matéria.

“Quando  comecei,  pensei  que  fosse conseguir;  Cheguei  a  dizer  aos meus colegas  da  formação  que  esta  gente estava  a  brincar  connosco;  como  era possível  criar pei xe  como  se estivéssemos  a  criar  galinhas”,  frisou João  Jossias.

Num  outro  desenvolvimento,  João Jossias  referiu  que  produz  peixe  que serve  para  para  alimentar  a  família  e vender  nas  cidades  de  Inhambane  e Maxixe. Além de João Jossias, conversámos com outros 7 indivíduos que desenvolvem a mesma actividade.

David Charley, de nacionalidade sul-Africana,  é  proprietário  da  Moz Tilápia,  projecta  que  nos  próximos nos,  Moçambique  deixará  de importar  carapau  da  Namíbia  e Angola  pois  haverá  condições  de produzir peixe  suficiente.

O  entrevistado  reconheceu  que Inhambane  possui  rios  e  lagoas, cabendo  à  população  investir  na piscicultura  pois,  segundo  ele,  o Governo  assume  que  com  esta actividade  é  possível  criar  postos  de trabalho  e  garantir  alimentação  às comunidades.

Questionámos  David  Charley  que contributo  dá  às  comunidades circunvizinhas,  tendo  respondido que tem apoiado na abertura de  tanques piscícolas  e  transmite  técnicas  de produção de peixe. Já  fornecemos  16  gaiolas,  de  2,5 metros de altura a 10  famílias desta  comunidade em   que nos encontramos; povoámo-las com 3 mil alevinos,  sendo  que  a  produção perada nas gaiolas é de 1 tonelada por mês”.

Além  da  produção  de  peixe,  a  Moz Tilápia  dedica-se  à  produção  de Lagostins de água doce, que tenciona exportá-los. Em  Vilankulo  entrevistámos  Criss Nehil,  proprietário  da  firma  Xibaha, que  se  dedica  à  reprodução  de alevinos  em  grandes  quantidades  e santola para exportação.

Criss Nehil explicou que o seu maior cliente é o Estado, através do Instituto Nacional  de  Desenvolvimento  da Aquacultura  (INAQUA),  que  adquire os  alevinos  e  faz  a  distribuição  às províncias  da  Zambézia,  Nampula, Manica, Sofala e  Inhambane.

A  nossa  reportagem  conversou igualmente com a directora provincial das  Pescas,  Isabel  Manga,  que apontou ser satisfatória a produção de peixe  em  Inhambane  e  que  as comunidades acreditam que com esta actividade é possível melhorar a dieta alimentar , gerar emprego e  riqueza.

Isabel  Manga  fez  saber  que  só  no terceiro  trimestre  deste  ano  foram povoados, nesta província, cinquenta e  seis  tanques  piscícolas  e  oitenta  e nove  gaiolas,  das  60  planificadas,  o que corresponde a uma execução em 114%, numa área de 21.065 metros quadrados,  povoadas  com  mais  de 154 mil alvinos de  tilápia Niloticus e Mossambicus.

Para o sucesso da produção pesqueira, a  directora  provincial  das  Pescas explicou  que  técnicos  do  sector trabalham  no  terreno  para  dar assistência aos piscicultores.

“No  trimestre em curso assistimos 601 criadores,  dos  quais  165  piscicultores privados  e  436  membros  de  17 associações.

Isabel Manga explicou que como forma de divulgar a aquacultura na província de  Inhambane,  a  Direcção  Provincial das  Pescas  realiza  palestras  nas comunidades  sobre  a  importância  da criação  de  peixe,  tendo  como  foco escolas, sedes das localidades e igrejas, envolvendo  líderes  religiosos  e comunitários,  secretários  dos  bairros, pescadores  de  pequena  escala, agricultores e outros.

Actualmente, a província de  Inhambane possui  136  tanques  piscícolas  e  103 gaiolas  nos  distritos  de  Zavala, Massinga,   Inhassoro,   Homoíne,  Massinga, Vilankulo, Panda,  Jangamo, Inharrime, Maxixe e Zavala, esperando-se  uma  produção  de 73  toneladas  de peixe ainda este ano.