Inhambane explora lagoas para criar peixe
Aproveitamento de lagoas para a criação de peixe com o objectivo de melhorar a dieta alimentar, criar emprego e gerar renda constitui o apelo lançado pelo governador de Inhambane, Agostinho Trinta, durante visitas realizadas, recentemente, a piscicultores dos distritos de Inharrime, Inhassoro e Homoíne.
Por: Adilson Virgílio / GP-I´bane
Nesta deslocação, Agostinho Trinta pretendia acompanhar o desenvolvimento dos projectos de piscultura, o processo de captura do peixe nos tanques, bem como colher informação sobre o destino do pescado.
O dirigente saudou o trabalho realizado pelas comunidades nesta área, tendo apontado a necessidade de apostar na piscicultura, particularmente através do uso de lagoas para melhorar a dieta alimentar .
Por sua vez, o administrador de Inharrime, Daly Kumanda, explicou, após a recepção do governador , que neste distrito a piscicultura é feita em duas lagoas envolvendo privados e associados.
Daly Kumanda referiu que o distrito de Inharrime cumpriu o Plano Quinquenal do Governo na componente piscicultura, pois a população empenhou-se na criação de peixe, contribuíndo para o crescimento económico.
“Estamos a fazer o aproveitamento de duas lagoas do distrito, nomeadamente Dongane e Poela, onde a população possui 12 tanques piscícolas povoados com 32 mil alevinos, sendo que a produção esperada para Dezembro é de cerca de 168 toneladas”, expl icou Daly Kumanda.
A equipa do 'Jornal Moçambique' visitou os distritos de Inharrime, Vilankulo, Inhassoro e a cidade de Inhambane para testemunhar o crescimento da actividade piscícola na província.
Em Inharrime conversámos com Niko Paul Roelandt, de nacionalidade sul-africana, que explora a lagoa de Poelela e proprietário da firma Afil-Mozambicus.
A firma possui 480 mil alevinos e espera produzir , até Dezembro, cerca de 168 toneladas de peixe.
”Estamos aqui em Inharrime, além de criarmos peixe para nós, atendemos as necessidades de comunidades circunvizinhas, na venda do peixe e na mão-de-obra”, disse Niko Paul.
João Jossias, de 66 anos, residente em Chamane, arredores da cidade de Inhambane, é proprietário de 8 tanques piscícolas. Explicou-nos que teve a iniciativa de criar peixe quando foi convidado pela Direcção Provincial das Pescas a participar numa formação sobre a matéria.
“Quando comecei, pensei que fosse conseguir; Cheguei a dizer aos meus colegas da formação que esta gente estava a brincar connosco; como era possível criar pei xe como se estivéssemos a criar galinhas”, frisou João Jossias.
Num outro desenvolvimento, João Jossias referiu que produz peixe que serve para para alimentar a família e vender nas cidades de Inhambane e Maxixe. Além de João Jossias, conversámos com outros 7 indivíduos que desenvolvem a mesma actividade.
David Charley, de nacionalidade sul-Africana, é proprietário da Moz Tilápia, projecta que nos próximos nos, Moçambique deixará de importar carapau da Namíbia e Angola pois haverá condições de produzir peixe suficiente.
O entrevistado reconheceu que Inhambane possui rios e lagoas, cabendo à população investir na piscicultura pois, segundo ele, o Governo assume que com esta actividade é possível criar postos de trabalho e garantir alimentação às comunidades.
Questionámos David Charley que contributo dá às comunidades circunvizinhas, tendo respondido que tem apoiado na abertura de tanques piscícolas e transmite técnicas de produção de peixe. Já fornecemos 16 gaiolas, de 2,5 metros de altura a 10 famílias desta comunidade em que nos encontramos; povoámo-las com 3 mil alevinos, sendo que a produção perada nas gaiolas é de 1 tonelada por mês”.
Além da produção de peixe, a Moz Tilápia dedica-se à produção de Lagostins de água doce, que tenciona exportá-los. Em Vilankulo entrevistámos Criss Nehil, proprietário da firma Xibaha, que se dedica à reprodução de alevinos em grandes quantidades e santola para exportação.
Criss Nehil explicou que o seu maior cliente é o Estado, através do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Aquacultura (INAQUA), que adquire os alevinos e faz a distribuição às províncias da Zambézia, Nampula, Manica, Sofala e Inhambane.
A nossa reportagem conversou igualmente com a directora provincial das Pescas, Isabel Manga, que apontou ser satisfatória a produção de peixe em Inhambane e que as comunidades acreditam que com esta actividade é possível melhorar a dieta alimentar , gerar emprego e riqueza.
Isabel Manga fez saber que só no terceiro trimestre deste ano foram povoados, nesta província, cinquenta e seis tanques piscícolas e oitenta e nove gaiolas, das 60 planificadas, o que corresponde a uma execução em 114%, numa área de 21.065 metros quadrados, povoadas com mais de 154 mil alvinos de tilápia Niloticus e Mossambicus.
Para o sucesso da produção pesqueira, a directora provincial das Pescas explicou que técnicos do sector trabalham no terreno para dar assistência aos piscicultores.
“No trimestre em curso assistimos 601 criadores, dos quais 165 piscicultores privados e 436 membros de 17 associações.
Isabel Manga explicou que como forma de divulgar a aquacultura na província de Inhambane, a Direcção Provincial das Pescas realiza palestras nas comunidades sobre a importância da criação de peixe, tendo como foco escolas, sedes das localidades e igrejas, envolvendo líderes religiosos e comunitários, secretários dos bairros, pescadores de pequena escala, agricultores e outros.
Actualmente, a província de Inhambane possui 136 tanques piscícolas e 103 gaiolas nos distritos de Zavala, Massinga, Inhassoro, Homoíne, Massinga, Vilankulo, Panda, Jangamo, Inharrime, Maxixe e Zavala, esperando-se uma produção de 73 toneladas de peixe ainda este ano.