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Preocupante situação de casamentos prematuros em Inhambane

Data: 11/04/2017
Preocupante situação de casamentos prematuros em Inhambane

O Governo provincial de Inhambane está preocupado com o índice de casamentos prematuros que ocorrem nos últimos tempos.

Por  Adilson Virgílio

Dados  divulgados  pela  Direcção Provincial da Mulher e da Acção Social, em  Inhambane, apontam que este ano a província  registou  28  casos  de casamentos  prematuros  de  raparigas abaixo dos 15 anos, sendo 13 no distrito de Mabote,  9  em  Funhalouro  e  6  em Govuro.

Perante  este  cenário,  a  Direcção Provincial da Mulher e da Acção Social, em parceria com a Plan Moçambique, u m a Organização Não-Governamental, que trabalha em prol da  situação  da rapariga,  está  a evidenciar esforços para desencorajar esta prática.

Na sequência do lançamento de uma campanha de combate aos casamentos  prematuros,  sob  o  lema “Casar?  Só  depois  dos  18  Anos!”,  a Direcção  Provincial  da  Mulher  e  da Acção  Social  juntou  jornalistas  de diversos órgãos de comunicação social para  reflectir  sobre o assunto.

O lançamento da campanha constitui uma  continuidade  de  um  processo para  eliminação  dos  casamentos prematuros  em  África,  iniciado  em Maio  de  2014,  em  Adis  Abeba,  na Etiópia,  que  visa  contribuir  para  a efectivação  dos  direitos  da  rapariga, previstos  no  ordenamento  jurídico moçambicano e nas normas internacionais  de  que  o  país  é integrante.

Em  Moçambique,  o  lançamento  da campanha  para  o  combate  aos casamentos prematuros teve lugar a 28 de Agosto do ano em  curso, em Maputo, orientado  pelo  Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina.

A directora provincial da Mulher  e da Acção  Social,  em  Inhambane,  Páscoa Sumbana,  que  falava  no  encontro  de capacitação de  jornalistas em matéria de   divulgação de actos que  desencorajem a prática de casamentos prematuros, realizada há dias, na praia de  Tofo,  fez  saber  que  o Governo  de Moçambique  tem  definidas  políticas  e aprovadas normas alinhadas às regras internacionais  ratificadas  pelo  país  e que prevê a necessidade de proteger a rapariga das situações de descriminação  pela  condição  de pessoas de sexo feminino e das graves violações dos  seus direitos.

Páscoa  Sumbana  apelou os  participantes  do  encontro  a  serem vigilantes  perante  situações  que ponham  em  causa  os  esforços desenvolvidos  pelo  Governo  e parceiros  em  prol  do  bem-estar  da criança e da  rapariga.

Segundo  Páscoa  Sumbana,   os casamentos  prematuros  são  uma realidade  no  país,  em  particular  na província  de  Inhambane,  devido  a uniões  forçadas  pelos  pais  ou encarregados de educação.

A  dirigente  referiu  que  num casamento  prematuro,  as  raparigas não gozam dos mesmos direitos que os rapazes, dado que o seu papel de mulher começa a ser desempenhado quando  é  entregue  a  um  homem, como  sua esposa,  logo que atinge a puberdade.

Matias Vilankulo,  jornalista da Rádio Moçambique, falando em representação da classe garantiu que esforços  serão  evidenciados  para continuar  a  trabalhar  de  modo  a divulgar os actos que levam a prática dos  casamentos prematuros.

Segundo  Vilankulo,  a  classe  de jornalistas  traz  a  tona  casos  de violência  de  menores  no  seio  da comunidade,  entretanto,  raras  vezes dão  seguimentos  aos  assuntos  para saber do desfecho. “A partir deste encontro o tratamento destes  casos  será  diferente”,  assegurou o  jornalista.

Por  seu  turno,  Delfina  Langa, Coordenadora  do  Género,  na  Plan Moçambique, referiu que a prática de casamentos  prematuros  tem  efeitos negativos na sociedade, sobretudo no que diz respeito ao futuro da rapariga, tais  como  o  abandono  à  escolar , levando  ao  elevado  índice  de analfabetismo  e  compromete  o  seu desenvolvimento enquadramento na sociedade.

Num  outro desenvolvimento,  Delfina Langa apontou  que os casamentos prematuros propiciam  o  surgimento  de  infecções por  doenças  tais  como  HIV/SIDA  e fístulas obstétricas.

 Constituíram  temas do encontro  com Jornalistas,  a  convenção  sobre  os direitos da criança, a divulgação da Lei de  Promoção  e  protecção  dos direitos da  criança. Além  da  reflexão  com  jornalistas,  a Direcção  Provincial  da  Mulher  e  da Acção  Social,  em  Inhambane,  formou 56 Comités Comunitários de Protecção da  Criança  a  nível  das  comunidades que  deverão  servir  de  elo  de  ligação com  esta  instituição  pública,  para  o desafio  de  “casamento  só  para  mais tarde”.